Tuesday, May 29, 2007

CONFRARIA MANÉ

Coluna Cesar Valente ; 29/5/2007

Se a turma de Joinville se protege e apoia, se a turma de Criciúma também age corporativamente, por que a turma de Florianópolis deveria ser diferente?

Não surpreendem os gestos de amizade, de lealdade e até mesmo de carinho que a gente percebe na relação do Içuriti, presidente da Codesc, com seus amigos, entre os quais o Juarez.

Quem é manezinho da Ilha compreende bem. Afinal, essa forma quase familiar, essas ligações tão próximas. vêm de um tempo, que não está muito longe, quando Florianópolis era uma pequena cidade, em que todos se conheciam. Talvez o morador da Ponta do Leal não conhecesse “todo mundo” da Praia de Fora, mas num grande raio eram todos conhecidos, amigos, quando não meio parentes, compadres.

Claro que incomoda o fato de um diretor de estatal pedir ao diretor administrativo (Otto Entres, outro manezinho, recebeu o troféu no mesmo ano que eu) que arranje uma brecha para que o amigo não se estrepe ainda mais.

Mas pelo menos não fez como tantos, que ao primeiro sinal de perigo lava as mãos, desliga o celular e deixar o ex-melhor amigo fritar em fogo brando. Seja pela imprensa, seja pelas forças intestinas que sempre combatem dentro de qualquer esquema de poder.

Até poderia me orgulhar dos meus conterrâneos, se essas demonstrações de saudável provincianismo não viessem seguidas de tantos indícios de crimes. Até pra se safar da prisão, o Juju usou um velho artifício ilhéu: o atestado do Dr. JJ Barreto. Com a modernidade, o velho médico bonachão foi substituído por uma clínica onde diretores fazem às vezes de amigos dos amigos. Mas o efeito é o mesmo.

É O SEGUINTE, JUJU

O Juarez se sente tão protegido na Codesc, que nem parou para pensar antes de sair dizendo que deixaria a política e ficaria “apenas na Codesc”. Em respeito à nossa adolescência vivida na mesma vizinhança, freqüentando o cine Glória, o bar Margarete, o Seis e tantas outras boquinhas do Estreito e adjacências, peço licença aos demais leitores para dizer algumas palavras apenas para o Juarez Silveira.

É o seguinte: foram teus eleitores que te colocaram na Câmara, Juarez. Eles. Não foram os teus amigos empresários, nem teus amigos ricos (por mais tenham ajudado na campanha e por mais que joguem isso na tua cara sempre que se sentem contrariados). Foram os eleitores. Tens um mandato.

Num momento difícil, o político deveria se recolher, abraçar-se com a única fonte de seu poder, que é o eleitor. E tentar reconciliar-se com aqueles que, um dia, fizeram este gesto corajoso e generoso, de votar. Até o Severino, que não chega a teus pés em termos de rapidez de raciocínio, sabe disso.

Isto, Juarez, não tem preço.

Se pensares bem, verás que a fonte dos teus dissabores não está na política propriamente dita. O desgosto não nasce em servir ao público e ao bem público fiscalizando e legislando. Nem o relacionamento com aquela massa de eleitores que te reelege já há quanto tempo causa problemas.

Por isso, Juarez, se queres mesmo mudar de vida, foge da Codesc. E experimenta ouvir mais os teus eleitores.

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