Thursday, June 07, 2007

O CASO DO GRAMPO

Coluna Cesar Valente ; 7/6/2007

Falei aqui, na terça, sobre a sentença do Juiz Leopoldo Brüggemann, condenando o vereador Guilherme Grillo a dois anos de serviços forçados, por ter feito escuta ilegal no telefone do também vereador Juarez Silveira.

O vereador Grillo, naquele dia mesmo, mandou-me alguns comentários sobre o caso. Dizia ele, entre outras coisas:
“Quando na sentença fala em testemunhas do edifício contra o Grillo, só pode ser em outro processo, pois na fase processual, nem a polícia pode testemunhar contra mim. A polícia foi apenas informante. Portanto, a acusação levou ZERO testemunhas contra mim, e eu tinha 7 a meu favor. Por que não levaram testemunhas contra mim? Porque simplesmente não as tinham. Todo aquele processo que ocorreu comigo foi muito estranho, ainda mais depois que apareceram gravações de figurões do governo estadual em uma fita que a polícia “apreendeu” dentro do gravador, e que disse na época textualmente na imprensa que aquela fita era absolutamente virgem. E por ai vai... Nunca pude falar sobre isso pq o processo corria em segredo, mas agora falarei e mostrarei a quem quiser as estranhezas desse rolo todo”.
Publiquei esse comentário na versão online da coluna e, em seguida, o próprio Juiz Brüggemann, por intermédio da sua assessoria de imprensa, enviou-me um calhamaço de 22 páginas com a íntegra da sentença, para que eu tomasse conhecimento das razões que levaram à condenação (que, de resto, poderá ser revista em segunda instância).

Da leitura da sentença fica a impressão que está certo, o Juiz. Afinal, foram encontrados o gravador e uma extensão da linha telefônica do Juarez num apartamento vazio, de propriedade do vereador Grillo. E o vereador ia todos os dias lá, como se fosse trocar a fita. Entrava, demorava um pouquinho e saía.

Pra mim (e para o juiz) se tem gravador e um fio ligados à linha do outro, não resta espaço para muita dúvida. Mas, na política florianopolitana, as coisas andam tão estranhas, que é bem capaz que o vereador Juarez acabe afirmando que tinha pedido, a seu amigo Grillo, que fizesse uma auditoria informal nas ligações telefônicas. Tudo de comum acordo. E tudo, como sempre, muito esquisito.

Ah, o Juiz transcreve depoimento do porteiro do edifício que, por uma dessas esquisitices, não foi ouvido no curso do processo. Por que? Sei lá. E, a estas alturas, tenho a impressão que nem quero saber.

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