Tuesday, July 10, 2007

O BOQUIRROTO

Coluna Cesar Valente ; 10/7/2007

O vereador Juarez Silveira, com sua enorme boca e língua afiada, fala compulsivamente e parece ter uma necessidade vital de demonstrar que é influente que conhece gente importante e que faz e desfaz. Essas características levam-nos a ouvir o que ele diz, nas ligações telefônicas grampeadas pela PF, com alguma cautela. Parecia fácil, para ele, citar quem quer que fosse, como se a pessoa estivesse mesmo participando desta ou daquela negociação.

Claro que os citados vão se defender usando justamente esse ponto. No caso da “jamanta” de dinheiro que alguém teria levado, por exemplo, seria bom que o Juarez tratasse de fazer o serviço completo e acrescentasse, ao seu desabafo gravado, alguns outros indícios. Por enquanto, só temos a palavra do Juarez.
Liminar é negada a vereadores

Diário Catarinense ; 10/7/2007

Os vereadores cassados Juarez Silveira e Marcílio Ávila sofreram uma nova derrota, desta vez na Justiça. O juiz Hélio do Valle Pereira, da Vara da Fazenda Pública da Capital, negou liminar em mandados de segurança impetrados pelos advogados de ambos, que queriam a anulação da sessão que cassou os mandatos dos parlamentares.

O magistrado justificou a rejeição do pedido em caráter liminar e requisitou mais informações para poder tomar a decisão final. Cabe recurso da decisão, tomada na sexta-feira, mas publicada ontem no Diário de Justiça. Citados pela Polícia Federal no âmbito da Operação Moeda Verde, os vereadores foram cassados, dia 3 de julho, por quebra de decoro parlamentar. Ambos negam envolvimento e alegam, entre outros, cerceamento de defesa.

Saturday, July 07, 2007

“Não, não denuncia nada!
Vai sobrar pra nós!”


Coluna Cesar Valente ; 7/7/2007

O DIARINHO começou a publicar ontem, em primeira mão, trechos da documentação enviada pelo Juiz Zenildo Bodnar ao presidente da Câmara de Vereadores de Florianópolis. As citações (em itálico), fazem parte do Inquérito Policial nº 2006.72.00.008647-0/SC e foram retiradas do Auto Circunstanciado Complementar nº I elaborado pela Delegada de Polícia Federal Júlia Vergara da Silva.

Hoje, alguns dos trechos que selecionei contam a história do nascimento da Lei Complementar 270, de maio de 2007, que beneficia hoteleiros, redigida pelos hoteleiros, com anuência do prefeito. E só em ISS vencidos representa uma renúncia fiscal de cerca de R$ 6,5 milhões. Valor mais que suficiente para várias “ferraris” e muitas “mercedes”.

O CANDIDATO
Às 19:09:50 (dia 29-09-2006), Juarez fala com Marcílio Ávila novamente dizedo que, “depois daquele almoço, meu amigo, eu não acredito mais em ninguém” e determina a Marcílio: “guarda isso em sete chaves, tá?”. Marcílio responde perguntando: “Nem perguntar nem com o Dário né?” Juarez reafirma: “Não, não. A gente esqueceu. Esquecemos isso e deixa isso pra um futuro”. E sugere: “Quando tu botar tua candidatura a prefeito, não tem?” Marcílio concorda: “Lóóógico, é isso dai.” E complementa: Mas não vamos deixar sacanear o Marcondes, não, heim. O Marcondes é gente boa. Se forem sacanear os Marcondes, nós dois vamos defender.”

Os dois traçam a estratégia de verem o que “eles vão” fazer, pois, após esse fato, teria acabado qualquer tipo de discurso. Juarez diz para se agarrarem a Luiz Henrique, pois agora não tem mais shopping, não tem mais nada. Marcílio concorda dizendo e repetindo várias vezes: “Não, deu pra minha bola, deu pra minha bola...” Demonstram interesse em compor o secretariado de Luiz Henrique da Silveira no segundo mandato e Juarez diz que vão sentar com Çuçu, Içuriti Pereira, e para esquecer Galina e João da Bega. Juarez reforça: “Hoje foi mais uma demonstração da rasteira que deram na gente. Eu fiquei chateado e com dor-de-cabeça. Vim pra casa, se tu qués saber”.
A DIVISÃO TERRITORIAL
Às 09:37:12 do dia 24-10-2006, Juarez liga para um Pedro (muito provavelmente Pedro César Krieger – Diretor da Divisão de Distribuição da Celesc), cobrando, em favor de Marcondes, uns postes de iluminação para o Costão do Santinho. Pedro diz que já encomendou os postes e que há demora pois são postes especiais, decorativos, Juarez pede para resolver essa pendência e fazer já uma revisão para a temporada. E na Praia Brava também, para Juarez não se incomodar. E em Jurerê Internacional, porque aí “o prefeito disse que esses três casos é meu, ele disse.”

Juarez continua: “Ele (o prefeito) cuida de Ingleses, da Barra da Lagoa e do Rio Vermelho.” E Pedro pergunta: “E tu cuida de Jurerê, Praia Brava e...” Juarez interrompe: “Eu cuido Praia Brava, Santinho, Santinho, Santinho... Jurerê, Daniela e Praia Brava é comigo.” Juarez esnoba: “Ele disse que a elite é comigo.”

Juarez aproveita o ensejo para dizer que Artur Guimarães, filho de Ado Guimarães, vai ligar pra Pedro, em nome de Guilherme Grillo, seu colega de Câmara, para pedir um preço mais barato na iluminação de um loteamento na subida do morro da lagoa. “Se puderes dar uma olhadinha?” (...)
O DESCANSO DE LHS
Em 25-10-2006, às 15:00:41, Juarez Silveira liga para Marcondes, que diz estar com Luiz Henrique, que está descansando para o debate. Marcondes diz que retornará.

Às 15:35:45, Juarez Silveira e Marcondes falam-se novamente. Juarez assim inicia a conversa: “Ô Doutor! Fala querido! Já mandei... Ontem entrei com aquele documento, tenho cópia pra te dar. Ontem à tarde eu fiz uma reunião, eu o Michel e o Dário, sobre a lei da hotelaria. Ele pediu... O Michel levou lá uma exposição de motivos feito pelo Moura. E pelo, pela equipe deles lá do norte da ilha. Aí ele, o Dário levou ao Doutor Jaime. Na próxima semana, eu e você e o De Rolt e o Doutor Jaime vamos sentar junto, e o Michel, tá?”

Marcondes concorda e Juarez complementa dizendo que vão fazer um projeto só. “Está tudo certo, tá? Fica tranqüilo. Qualquer coisa tu me liga.” Depois comentam sobre a eleição para governador, dizendo que Luiz Henrique acredita ganhar com uma diferença de 500.000 votos, Juarez pergunta se Luiz Henrique vai ficar descansando lá no Costão do Santinho e Marcondes confirma que sim.
PARCERIA NO BINGO

No trecho a seguir, o personagem identificado como “Saveta”, que demitiu a secretária (que trabalhava com o secretário Knaesel e com o vereador Juarez) é Guilberto Chaplin Savedra, Diretor Geral da Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte.
Juarez briga com um tal Saveta, que teria “loja de bingo” no Costão do Santinho, denunciando-o.

JUAREZ: Estranha do mundo, né? Pra ti ver! O Gilmar me ligou agora, confessou comigo: o Saveta tem aí contigo. Ele alugou aí contigo uma sala...
MARCONDES: É meu amigo. Porra! É meu amigo...
JUAREZ: Mas ele tem uma...
MARCONDES: Tem, tem.
JUAREZ: Ele uma casa de, de, de prática de bingo!
MARCONDES: Mas tá fechada agora.
JUAREZ: Tá fechada, né? Mas é dele, né?
MARCONDES: É... parceria conosco.
JUAREZ: Mas eu vou denunciar ele, tá? Deixa ele comigo!
MARCONDES: Não, não denuncia nada. Vai sobrar ora nós, porra! Tá louco!
JUAREZ: Não, não sobra pra ti. Eu vou dizer que ele tem uma casa de jogo na cidade de Florianópolis. Não vou dizer aonde!
MARCONDES: Ah, isso aí não adianta nada. Daqui a pouco vai sobrar pra nós, porra! Tá louco!
JUAREZ: Mas liga pra ele e diz assim: Por que que tu botasse a menina do Gilmar Knaesel e a secretária do Juarez pra rua. Ela ganhava R$ 600,00. Eu falei pra ela, eu vou pagar esse mês. Ganhava R$ 600,00, trabalhava de manhã e ganhava comigo aqui três vezes mais.
MARCONDES: Como é o nome da menina?
JUAREZ: Ele sabe quem é: é a Grazi.
MARCONDES: Como?
JUAREZ: Foi a Graciela. Mas, porra, é menina de primeira linha, rapaz. Primeira linha, olha. É primeira linha mesmo...
MARCONDES: Não, eu vou ligar, vou falar com ele pra saber, porra. Eu tô... é a coisa mais estranha do mundo.
JUAREZ: E diz pra ele assim: Tu assiste a TV Câmara e vê o que o Juarez vai fazer contigo hoje. Já disse pro Gilmar: eu vou no Luiz Henrique. O Pinho Moreira já não gosta dele. Entendesse? Eu vou denunciar ele. (...).
MARCONDES: Mas eu, me cuida do meu assunto! Eu quero saber do meu assunto, não é de Saveta.
JUAREZ: Teu assunto tá resolvido. Mas só liga pra ele. Pra esse vagabundo, que ele te atende.
MARCONDES: Me convoca aí, pra gente ver se vale a pena a gente aumentar a injeção de cinqüenta pra sessenta.
JUAREZ: Tá bom, mas então vamos sentar! Mas deixa o prefeito mandar primeiro, não recebi nada agora!
MARCONDES: Tá, então tá!
JUAREZ: Tá bom?
MARCONDES: Mas cobra lá da Prefeitura! Porque...
JUAREZ: Já estou cobrando do Doutor Jaime, já faz meia-hora que eu cobrei.
MARCONDES: Tá bom!
JUAREZ: Cobrei o teu assunto e o do Eduardo Gomes!
MARCÍLIO NA SANTUR
06-12-2006, às 17:37:50, Juarez liga para Marcondes, cumprimentando-o: “Fala, meu chefe, tudo bom?” Em seguida, Marcondes logo lhe cobra: “Juarez, aquele projeto de incentivo à hotelaria, já tá na Câmara?” Juarez tranqüiliza: “Já tá na Câmara, vai pra comissão segunda-feira, já vou fazer um parecer em conjunto.
(...)

Juarez fala um pouco mais do quadro e, em seguida relata: “Agora, estávamos lá discutindo com o Dário até agora sobre a Casan, sobre o esgoto!” (Caso Vilas do Santinho Residence). Marcondes: “É?” Juarez: “É! Entendesse? Isso o Dário quer assumir essa dianteira aí. Vamos ver.” Marcondes complementa: “A Casan está quebrada.” Conversam sobre política e Marcondes pressagia a ida de Marcílio para a Santur.

Em 07-12-2006, às 20: 10: 59, Juarez incentiva Marcílio a sentar com Gilmar Knaesel para acertar sua ida para a Santur. Marcílio demonstra temor, pois ainda não foi convidado. Juarez persuade dizendo: “Porra, o Gilmar e o Marcondes vão bater o martelo, caralho.”

Emenda: “O Marcondes está querendo aquela lei lá, hein? Precisa daquela lei. Ficou pra esse ano!” Marcílio pergunta: “Qual?” Juarez: “A lei da hotelaria, que não fizesse pedido de urgência ainda.” Marcílio finaliza o assunto dizendo: “Querido, tá na comissão de justiça na segunda-feira.”
LEI MUITO TUMULTUADA
Em 12-12-2066, às 11:03:01, Michel Curi liga do telefone de Juarez Silveira para Dário Berger, o prefeito de Florianópolis.

MICHEL: Eu tô aqui com o Doutor Marcondes e o Juarez aqui na, na, nessa bela estrutura, discutindo essa lei.
DÁRIO: Certo!
MICHEL: Na minha visão essa lei não ajuda a hotelaria de praia.
DARIO: Tá!
MICHEL: Em nada!
DÁRIO: Então... então faz a alteração que tem que fazer!
MICHEL: Eu vou tent... Nós tamos tentando chegar num denominador comum porque nós também tamo apurado pelo prazo, né?
DÁRIO: Certo!
MICHEL: Apurado pelo prazo!
DÁRIO: Certo!
MICHEL: Então, nós temos que ver! Você concordando já é uma grande coisa, né?
DÁRIO: Não, é... Olha, o que vocês fizerem aí... Inclusive eu disse pro Juarez: eu mandei isso assim no afogadilho, porque não foi fácil, Michel, chegar nesse ponto aí também. Tás entendendo?
MICHEL: Eu imagino, eu imagino, eu imagino! Eu imagino, porque é uma lei muito tumultuada!
DÁRIO: É, é. E aí eu pressionei muito pra eles fazerem rapidamente pra cumprir; pra cumprir... esse compromisso que eu tenho com a hotelaria.
MICHEL: E o exercício fiscal, né?!
DÁRIO: É. Agora é o seguinte: ele tá aberto, inclusive, disse pro Juarez, é... pra gente fazer alteração que seja necessário pra atender, dentro de um certo equilíbrio, né?
MICHEL: Cla... Ló, ló, lógico! Da minha parte tu não vais receber nada que não possa ser defensável, né?!
(...)

DÁRIO: Mas eu tenho muita vontade aí... de... atender o Doutor Marcondes!
MICHEL: Então, tá ótimo!
DÁRIO: Tá?
MICHEL: Vamos tentar achar um denominador comum!
DÁRIO: Esse é o melhor Resort de praia do Brasil, pô!
(...)

MICHEL: Agora o que você não sabe é que o melhor Resort de praia do Brasil só está funcionando por uma lei do Michel Curi. Eu levei dois anos pra aprovar essa lei porque teu amigo Edson Andrino não queria.
DÁRIO: Porra, parabéns! Ô Michel, gosto muito de ti, Michel!
MICHEL: Eu sei disso! A recíproca é verdadeira!
DÁRIO: Apesar de não te ajudar em nada!
MICHEL: Não,não, não, você me ajuda! Você me ajuda! Então tá bom!
DÁRIO: O que vocês fizerem aí tá bom pra mim, tá?
MICHEL: Tá, tá. Um grande abraço! heim?
FALTOU DICIONÁRIO
Em 14-12-2006, às 10:14:16, Juarez liga para Paru (assessor do gabinete de Juarez) e este diz que Moura mandou o texto do projeto pra ele, a pedido de Michel. Juarez diz que quer aprovar o original, pois essas modificações podem não atender aos interesses. Juarez quer aprovar conforme projeto original de Dário, pois não quer ajudar os irmãos Daux. Juarez diz que quer ajudar Fernando Marcondes de Mattos, que é quem vende a cidade. Juarez quer que consertem apenas os erros de português, pois não há um dicionário no Gabinete do Prefeito.

Friday, July 06, 2007

"Pegaram uma mão cheia, levaram uma jamanta!"

Coluna Cesar Valente ; 6/7/2007

Tudo o que está em itálico neste post faz parte do Inquérito Policial nº 2006.72.00.008647-0/SC e foi retirado do Auto Circunstanciado Complementar nº I elaborado pela Delegada de Polícia Federal Júlia Vergara da Silva. Selecionei, das mais de 40 páginas do Auto, alguns trechos que parecem mostrar o envolvimento do prefeito Dário Berger na já conhecida história de ajudar os amigos e prejudicar os inimigos em que se transformou a administração municipal de Florianópolis.

Da leitura dessas conversas sempre fica um gosto ruim na boca. Dá náusea. Tem-se a impressão que as guerras de gangues que vemos nos filmes e nos subúrbios violentos inspiraram essa gente. Tem uma turma que ajuda e achaca estes aqui e outra, que ajuda e achaca aqueles lá. Mas às vezes, como nas campanhas eleitorais, pode ocorrer que alguém se atravesse e gere um mal-estar. No fim, não se iludam, todos eles se acertam e acabam amigos, ou, pelo menos, cúmplices.

O ASSESSOR
Em 12-09-2006, Juarez Silveira mantém contato telefônico com Renato Joceli de Sousa, seu cunhado e Secretário Municipal de Urbanismo e Serviços Públicos, que passa o telefone a seu subordinado, Rubens Bazzo. O propósito de Juarez é saber a que título foi aprovado o projeto da Campo de Golf do Costão do Santinho. Bazzo diz que foi aprovado como Condomínio. Juarez Silveira diz que a Portobello está querendo montar um condomínio estilo de Alphaville em Celso Ramos, condomínio fechado. Juarez demonstra estar interessado em assessorar a Portobello, assim como atuou no caso do loteamento Jardim Rio Vermelho. Bazzo diz que conhece e que vai necessitar de projeto de lei especial. Juarez responde que fazem, sem problema, e pergunta a Bazzo se ele não quer lhe dar “uma mão nisso”. Bazzo diz que “não tem problema”, e Juarez sugere sentarem ele, Juarez e Lauro Santiago.

A VISITA
Em 19-09-2006, às 17:33:04; Juarez Silveira mantém contato com o empresário Fernando Marcondes de Mattos. (...) Marcondes pergunta “aonde é que tu estás?’” Juarez: “Eu tô com o prefeito e o Marcílio, vindo da Lagoa”. Acrescenta: “’Tamo aqui na beiramar”. Fernando Marcondes indaga a Juarez aonde que ele vai agora. Juarez, demonstrando clara subserviência responde: “Agora eu vou... onde que tu queres”. Marcondes sugere: “Ah, eu tô aqui no meu apartamento. Na cidade.” Em seguida, Juarez pergunta se quer que ele passe lá. Marcondes: “então passa aqui, aí fica perfeito.” Juarez responde: “tá bom. Tamo indo aí falar contigo.”

As 17:42:33 do mesmo dia, Juarez Silveira fala com Dona Iolanda, esposa de Fernando Marcondes, informando-a: “Eu estou aqui na sua casa!” Iolanda disse que Marcondes lhe teria relatado que iria para casa tentar falar com Juarez”. Juarez responde: “Tô aqui com a Excel... com o... chefe da... da cidade.” Iolanda responde: “Bom, esse então eu não conheço”. Ao que ele revela: “Nosso prefeito”. Ela pergunta, então; se Dário está lá. Juarez responde: “É, é. Tamo aqui.” Ela responde agradecendo bênção divina: “Ô, Graças a Deus.” Ao final, Juarez pergunta: “Tá bom?” Iolanda responde que “Está ótimo!”

DATA: 20-09-2006 HORA: 18:37:26
JUAREZ: O Rodolfo está fazendo o Marcondes de gato e sapato, naquele negócio lá de coisa! Puta que pariu.
RENATO (Joceli): Não, ele falou pra mim. Puta, nem falei... O Rodolfo... O Rodolfo! O Marcondes me ligou de manhã e disse que ligaria à tarde pra me dar o número do processo. (...)
JUAREZ: Eu liguei. Eu liguei. Eu liguei de manhã, Eu liguei pro Rodolfo de manhã com o Marcondes, porque nós passamos a tarde com ele, eu e o Dário.
RENATO: Ele falou, ele falou!
JUAREZ: Quem que falou?
RENATO: O Marcondes. O Marcondes falou!
JUAREZ: Ahnm!
RENATO: Que vocês estiveram lá!
JUAREZ: Na casa dele, entendesse?
RENATO: Ele falou!
JUAREZ: Então, precisava resolver essa pendência, porra. Entendesse? Então amanhã tu pega...
RENATO: Eu vou até ligar pro Rodolfo agora, o Rodolfo tá já ainda!
JUAREZ: E, manda ver isso ai, porque, porra
RENATO: Ele sabia, ele falou que tava em área de preservação ou alguma coisa assim!
JUAREZ: Não, não tava. Tá , tchau!
A TURMA DO “TÁ BOM”
DATA: 27-09-2006 HORA: 14:06:37
JUAREZ: Doutor Marcondes, Juarez, tudo bom?
MARCONDES: Tudo.
JUAREZ: Tudo bom!
MARCONDES: Umas duas horas eu te dou uma posição clara!
JUAREZ: Tá! Ele vai, ele disse, ele mandou eu dizer uma coisa pra ti tá? Que ele vai te ajudar em tudo que for... Mas eu quero que tu faça, que tu venha comigo e entrega na mão dele, tá?
MARCONDES: Tá bom!
JUAREZ: Tá bom?
MARCONDES: Tá bom!
JUAREZ: E ele vai resolver tudo pra ti!
MARCONDES: Esse, esse... essa última ai tá dentro... esses cem está dentro daqueles cento e cinqüenta, né?
JUAREZ: É
MARCONDES: Tá bom!
JUAREZ: Tá bom!
MARCONDES: Tá bom.
JUAREZ: Aí depois eu pego os outros contigo, tá?
MARCONDES: Tã bom!
JUAREZ: Tá bom. Tá, tchau!

Foto de um trecho do documento, onde se podem ver
os destaques feitos pela delegada


LEVARAM TUDO!
Às 13:48:11, Juarez Silveira liga para José Nilton Alexandre, o Juquinha, secretário da extrema confiança do prefeito Dário Berger, apregoando que “fui lá no norte da ilha, naquele nosso amigo grande lá” e que Adir e Dilmo, respectivamente, Diretor de Finanças da campanha eleitoral de Djalma Berger, irmão de Dário, e Dilmo Berger, também um dos irmãos Berger, teriam passado lá e “pegaram uma mão cheia”, “levaram uma Ferrari”, “levaram uma jamanta”. Na mesma ligação, Juquinha pergunta se saiu o habite-se do Shopping Florianópolis, Juarez diz que sim, pois “eles ajudaram o Djalma, né?” Juarez se indigna e diz que vai se afastar disso, pois “não sou garoto de ir num lugar e...e.. os outros vem na frente. Eu tô fora.” Juarez argumenta, demonstrando seu comprometimento na solicitação feita que resultou no apanhado da tal “mão cheia” que menciona:
“Ah.. a gente combina uma coisa a gente fala. Aí vêm os caras aqui de manhã cedo.” Juarez repete: “levaram uma Mercedes completa”, “uma ML e mais uma C, uma C200.” Finaliza pedindo a Juquinha: “Não, só tenta saber se o... se o nosso amigo sabe, tá?” Juquinha responde que vai ver com ele depois e termina a ligação.

Em 31-10-2006, às 16:12:28, Juarez Silveira fala com Aurélio Remor:
JUAREZ: Não, eu só fiquei magoado, ô Aurélio Remor, por que o seguinte: porra, eu botei o Dário, eu boto o Dário com o Luiz Henrique, porra, boto o Dário lá em cima, defendo o governo o tempo inteiro. E ele pega o Marcílio, o Marcílio porque queria o habite-se e estava devendo o tratamento de esgoto do Amastha, que vão inaugurar dia 9. Então ele fica agradando, e agradando o Dário, e contando estória não real. E o Dário tem que passar a mão no telefone e falar: Doutor Jaime, verifica com o Augusto. Verifica, o fulano, verifica. Entendeu? Não. Daí ele resolve ficar de mal! De mal! Ah, pára, porra, montei aquele comitê, dei um Ômega ora ele fazer campanha. Arrumei, aquele nosso amigo lá, ô. Aquele nosso amigo lá do sul da ilha, do norte da ilha, aquele que fomos só eu e tu uma vez, o cara deu meio, meio... milhão pra... porra, tudo, tudo. Ainda me ligou pra saber. Olha, eu vou dar, mas tu é responsável, hein!? Entendeu, então assim, ó. Foi ele e foi aquele outro que fez aquela besteira toda. O irmão e o outro buscar. Entendeu? Tudo eu faço pra eles. Agora, pelo menos, passa a mão no telefone e pergunta.” (...)

Ressalte-se que, em consulta ao site do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, pode-se apurar que não há registro de doação de empresa da qual Fernando Marcondes de Mattos seja sócio para o candidato Djalma Vando Berger. Consta apenas uma doação, feita para Luiz Henrique da Silveira.

Percebe-se que Juarez Silveira é intimamente ligado a Marcondes de Mattos e percorre os meandros da Administração defendendo direitos seus, seja cercando o fisco para minorar a cobrança de impostos, propondo leis direcionadas para favorecê-lo, ou utilizando-se de seu cargo para negociar terrenos e promover desaprop,.iações de terras que beneficiem aquele que chama de “seu chefe”. Pode-se depreender dos diálogos que Juarez Silveira solicitou, em troca de seus préstimos ao empresário, vantagem financeira para ajudar a campanha do irmão do prefeito a Deputado Federal. No diálogo, Juarez trata a percepção de R$ 100.000 reais, mas no dia 29-09-2006, após a efetivação da negociata, retifica a cotação do valor propalando a terceiros, por duas vezes, dizendo, primeiro; que o valor corresponde a uma Mercedes ML e uma C200, e depois que tal valor seria de “meio milhão”.
O ROMPIMENTO
Em 05-11-2006, Juarez Silveira fala novamente com Marcílio Ávila e os dois discutem sobre os nomes cotados para a composição da base do governo de Luiz Henrique. Juarez acrescenta seu ponto de vista dizendo que o cara que mais vai ter acesso a isso é o Fernando Marcondes de Mattos. Marcílio diz que gostaria de almoçar com Fernando esta semana. Juarez diz para deixar primeiro ele participar do comitê para a reforma do secretariado. Juarez diz que falou com Içuriti e Marcondes para participarem da coalizão, pois “Eu não sou bobo, né”, é melhor colocar pessoas que gostem deles, afinal. Marcílio concorda: “É claro, gosta da gente, é parceiro! Porra, nós temos que ajudar ele, né, Juarez!”

Em seguida repete: “Marcílio, o Fernando Marcondes de Mattos ele não gosta de Deputado Estadual, nem de Federal. Pra ele nada interessa. O negócio pra ele é Vereador dinâmico e honesto, com ele.” Marcílio concorda dizendo que é lógico, pois ele é inteligente, não é burro. Juarez .conta a Marcílio que a raiva do Dário Berger se dá pelo fato de que Marcondes “tinha tomado uns vinhos” e disse na cara do Dário que estava “sacaneando com ele” – pois há um ano de governo e não lhe atende –, que a sorte dele (Marcondes) é que ele tinha Juarez e Marcílio e que não precisava mais do Prefeito.
Pra encerrar: o pior é que esta é apenas uma gota d’água num oceano de corrupção.

Wednesday, July 04, 2007

Diarinho (Diário do Litoral) ; 4/7/2007


Vereador promete voltar

Diário Catarinense ; 4/7/2007

Depois da cassação, o ex-vereador Juarez Silveira subiu à tribunal e fez um discurso exaltado, com frases carregadas de acusações.

Apesar de dizer que não sairia atirando, garantiu que vai contar muita coisa. Afirmou também que pretende voltar à vida pública e deixou o prédio prometendo declarações para a imprensa hoje. Os vereadores assistiram a tudo silenciosos e alguns demonstraram pouco interesse.

Já o público que continuava presente aplaudia, pedia para ele citar nomes e revelar quais as falhas da administração do prefeito Dário Berger. Enquanto estava na tribuna, o ex-vereador prometeu ainda revelar detalhes sobre corrupção.

Insinuou ainda que as obras da reforma do Mercado Público de Florianópolis e a alteração do sistema viário possuem irregularidades. Misturadas com as acusações, o ex-vereador soltou frases aparentemente sem sentido ou formuladas de forma que somente os envolvidos pudessem compreender.

- Não vou subir em cima de caminhão porque não tomo café - , disse em determinado momento.

Em outro momento afirmou que o time de futebol Atlético Paranaense se juntou com o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), para atacar Esperidião Amin (PP). O motivo, conforme Juarez Silveira, seriam as letras do tesouro.

- Ainda vou varrer essa cidade. Vou contar muita coisa, passar a limpo, seja quem for, subir ao palanque e voltar. Tenho muito o que falar e fazer - prometeu.

O vereador Xandi Fontes (PP) pediu a ata completa da sessão. A estratégia é usar as acusações na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Ele deseja que Juarez Silveira revele quem seriam os corruptos.

Tuesday, July 03, 2007

Coluna Carlos Damião ; 3/7/207

Juarez Silveira é uma figura da cidade, embora muita gente não goste dele. Mas ele é uma encarnação escrita e escarrada do manezinho típico, aquele que dá mil voltas para fazer política. Tem a seu favor o fato de que nunca escondeu esse jeito político-mané, amplamente praticado pelos políticos tradicionais do passado e do presente. De origem humilde, cresceu no ambiente do Besc, de onde saiu para fazer carreira como vereador. É amigo de todos (até dos inimigos e adversários ideológicos), ajudou muita gente ao longo de sua trajetória e jamais negou amizades com empresários e outros poderosos. Jogou aberto a vida inteira; mudou de partido várias vezes, ao sabor das conveniências pessoais, sociais, econômicas ou políticas. Atrapalhado, falante ao extremo, pode até ser cassado. Mas volta, por cima, com votação consagradora.
A MOEDA VERDOLENGA

Coluna Cesar Valente ; 3/7/2007

Ontem no começo da tarde encontrei, por acaso, o vereador Juarez Silveira, na rua Pe. Miguelinho, perto da Câmara de Vereadores. Conversamos um pouco, naturalmente sobre o caso em que ele é um dos personagens principais. O vereador Márcio de Souza (PT) estava junto.

Juarez não acredita que será cassado. Afima que terminará o mandato. E ameça contar coisas que sabe e que poderiam comprometer (ainda mais) o presidente da Santur e ex-presidente da Câmara de Vereadores, Marcílio Ávila. Ele seria, segundo Juarez, o grande manipulador, a serviço do colombiano Amashta (que construiu o Floripa Shopping).

Outra fonte de problemas, segundo o vereador, é a própria prefeitura, dividida em áreas controladas pelo deputado Djalma Berger (irmão do prefeito, que foi secretário de Obras), pelo próprio prefeito Dário Berger e por outros participantes do esquema.

Ontem, os relatores da comissão de ética da Câmara pediram a cassação dos mandatos dele e de Marcílio Ávila. Juarez ainda acha que consegue convencer os colegas e a opinião pública, de que se alguém tiver que ser cassado, que seja Ávila.

O problema é que, enquanto Marcílio Ávila tomava cuidado para não deixar impressões digitais (a proposta de cidadão florianopolitano para Amashta foi assinada por João da Bega) e falava cautelosamente ao telefone (embora não desgrude do aparelho), o Juarez, como sempre, falava pelos cotovelos.

Mesmo com o processo por descaminho (o tal “contrabando” de bebidas) extinto por causa do pequeno valor, nas rodas de conversa ele continua sendo identificado como o cara que foi preso com a camionete cheia de vinhos para o amigo Içuriti. “O Içuriti não tem nada com isso, ele é do bem”, preocupa-se Juarez.

É possível que a Câmara tome alguma decisão sobre o caso dos dois na sessão de hoje. Façam suas apostas.

Pesado

Coluna Paulo Alceu ; 3/7/2007

No relatório o vereador Walter da Luz destacou que a Susp transformou-se num “balcão de negócios utilizado pelo vereador Juarez Silveira e seu cunhado Renato Joceli, na obtenção de vantagens ilícitas e imorais.”
Pedida cassação de Juarez e Marcílio

Diário Catarinense ; João Cavallazzi ; 3/7/2007

Em uma decisão inédita na história política de Florianópolis, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara de Vereadores aprovou ontem, por unanimidade, os relatórios que sugerem a cassação dos mandatos dos vereadores Marcílio Ávila (PMDB) e Juarez Silveira (sem partido), ambos citados pela Polícia Federal nas investigações da Operação Moeda Verde, que apura suspeitas de favorecimento a empreendimentos imobiliários na Capital.

O presidente da Câmara, Ptolomeu Bittencourt Júnior (PFL), disse que os relatórios produzidos pelos vereadores Walter da Luz (PSDB) e Ângela Albino (PC do B) devem ser levados a votação em plenário ainda hoje à noite. Em sessão secreta, os vereadores podem aprovar ou rejeitar os relatórios. No primeiro caso, ambos os parlamentares perdem os mandatos logo após à votação. No segundo, as acusações são arquivadas. Até ontem à noite, porém, ainda não estavam definidos quais vereadores estarão aptos a votar. De acordo com o presidente da Casa, há interpretações diferentes quanto à participação dos quatro integrantes da Mesa Diretora na votação - há quem defenda que o quarteto deva votar, outros acham que a lei veda.

Ptolomeu Bittencourt aguarda parecer do procurador-chefe Antônio Chraim esclarecendo o caso, trabalho que não havia sido concluído até o fechamento desta edição. O procurador explicou ainda que a cassação resulta na inelegibilidade dos acusados, porém, o período que ambos ficarão sem exercer cargo político, caso percam o mandato, será decidido pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Sessão foi marcada pela tensão
Pedida cassação de Juarez e Marcílio

Diário Catarinense ; João Cavallazzi ; 3/7/2007

Embora tenha ocorrido sem maiores percalços, a sessão de ontem do Conselho de Ética foi marcada pela tensão. Responsável por avaliar a situação de Juarez Silveira, o vereador Walter da Luz foi o primeiro a falar. Depois de citações bíblicas e éticas, o correligionário do prefeito Dário Berger discorreu sobre a atuação do colega, apontado pela Polícia Federal como chefe de um suposto esquema de vendas de licenças ambientais. Para o relator, Juarez transformou a Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos (Susp), da qual seu cunhado era o titular, em "um balcão de negócios" para "obter vantagens pessoais", procedimento que, para Luz, é "incompatível" com a função de vereador.

Mais direta, Ângela Albino criticou a "defesa velada de interesses particulares" que, segundo ela, Marcílio Ávila promoveu para liberar a obra do Floripa Shopping. A relatora disse ainda que a situação é "especialmente insustentável por ser (Marcílio) à época um presidente de poder", numa referência à presidência da Câmara, cargo que o peemedebista ocupava.