Thursday, May 15, 2008

Moeda Verde vai aquecer inverno antecipado

Blog “A política como ela é” ; 12/5/2008

A CPI da Moeda Verde terá uma semana quente.

Terça-feira estão marcados os depoimentos de Carlos Amastha e Adir Gentil. Na quarta, Marcílio Ávila e Renato de Souza e a mulher de Adir, Maria Eduvirgem Cardoso Gentil.
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Maria Gentil é funcionária de carreira do Legislativo manezinho, mas desde o estouro do escândalo está licenciada para tratamento de saúde.

Além disso, o casal migrou de mala e cuia para o Centro-Oeste.

Ela enviou um atestado à Câmara dizendo que encontra-se internada em Palmas. Porém, as notícias que circulam na Casa do Povo dão conta que estaria prestando serviço [ilegalmente] à Procuradoria-Geral do Tocantins.

A Procuradoria da Casa foi acionada e dona Maria Gentil, no futuro, pode vir depor sob vara.

À época da guerra dos shoppings, ela era Procuradora-Geral de Florianópolis, cargo que teria usado para facilitar a vida de Amastha e complicar a do empreendedor rival, Paulo Cezar.

E, santa coincidência, o marido foi para Tocantins cuidar da implantação de um shopping em Palmas, de Carlos Amastha.
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Adir Gentil caiu nas garras da PF no episódio da suposta "doação" de R$ 500 mil de Fernando Marcondes de Matos ao então candidato a deputado federal Djalma Berger.

Adir teria acompanhado Dilmo Berger até o Costão do Santinho para botar a mão na bufunfa.

O dinheiro, segundo apurou a delegada Julia Vergara, além de contribuição de campanha via caixa-dois, foi dado como pagamento antecipado ao prefeito Dário Berger pela autoria da Lei da Hotelaria, que concedeu incentivos fiscais retroativos a 2001 aos hoteleiros da capital, beneficiando diretamente Marcondes.
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Renato Joceli já foi convocado e também justificou a ausência por motivo de saúde.

Reconvocado, seu depoimento está cercado de curiosidade. Era o secretário da SUSP, cargo que ocupou por indicação do cunhado, o ex-vereador Juarez Silveira. Renato também foi diretor administrativo da Câmara.

Sabe de coisas. Se acuado, pode reagir.

O cunhado deve assistir ao vivo. Em outras oportunidades, Juju acompanhou depoimentos e chegou a causar frisson ao apontar o dedo para um vereador acusando-o de receber "mensalinho".
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Carlos Amastha não deverá faltar. Indiciado pela PF, foi o responsável direto pela cassação de Marcílio Ávila.

O empreendedor usou o ex-vereador, então Presidente da Câmara, como um office-boy de luxo [royalties para o Juarez] na concessão antecipada do habite-se do Floripa Shopping.

Para expiar sua culpa não poupou dinheiro. Comprou páginas e páginas dos diários catarinas para defender o mandalete, sem sucesso.

O depoimento de Amastha, porém, pode se tornar explosivo. Ele doou, pessoalmente ou através de empresas ligadas a si, recursos para campanhas de boa parte dos vereadores manezinhos.

Marcílio, Ângela Albino e Acácio Garibaldi declararam as doações. Outros não.

Nos corredores da Câmara comenta-se entre sussurros que existem duas listas de doações não declaradas à Justiça Eleitoral, a do Amastha [que teria sido revelada ao jornalista Paulo Alceu] e a do Paulo Cézar, esta nas mãos do Juju.
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O ex-vereador Marcílio Ávila também deve depor. Apesar dos direitos políticos cassados, ele atualmente preside o PSB ilhéu, partido dirigido no estado pelo deputado Djalma Berger.

Marcílio foi cassado por causa da Moeda Verde, mas sua principal obra não foi o habite-se do Floripa Shopping.

No última noite de sessões do seu mandato de Presidente, em duas votações consecutivas, ambas extraordinárias, conseguiu, jogando em parceria com o Juju, a aprovação da Lei da Hotelaria.

Em troca dessa lei, o ex-vereador ganhou de Marcondes de Matos a indicação para a presidência da Santur, cargo do qual o ex-vereador só imaginava sair para concorrer a prefeito da Capital, pelo PMDB, contra Dário Berger.

Cassado Marcílio, Dário foi para o PMDB e de quebra levou o ex-futuro rival para um partido da base re-eleitoral.
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Nos bastidores da CPI se fala na convocação do prefeito Dário Berger.

Obviamente o alcaide deve ser ouvido, porém não podem ficar de fora o Juju, o Marcondes e o Paulo Cezar.

Seria uma injustiça!
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E, na sombra desses acontecimentos, com cinco assinaturas [Aurélio Valente, Ângela Albino, Dalmo Menezes, Guilherme Grillo e Xandi Fontes], dormita um pedido de CPI exclusiva para a Lei da Hotelaria.

Mas, como essa lei foi aprovada pela unanimidade dos presentes [retiraram-se da sessão Gean Loureiro e Xandi Fontes], agora outros vereadores não querem - ou não podem - assinar.

A cidade está de olho.

Friday, May 02, 2008

Um ano depois

Blog Carlos Damião ; 2/5/2008

O maior escândalo da história política e empresarial de Santa Catarina completa amanhã um ano. A Operação Moeda Verde, desencadeada naquela manhã cinzenta de 3 de maio, prendeu vários amigos do rei, entre empresários peso-pesados, vereadores, secretários municipais, funcionários públicos estaduais e municipais, todos eles acusados de envolvimento com negociatas (*) referentes a licenças ambientais. Mais de 50 foram indiciados em outubro pela Polícia Federal, inclusive o prefeito Dário Berger – que depois conseguiu, na Justiça, retirar seu nome da lista (prefeitos têm direito a foro especial).

Exceto pelas cassações dos vereadores Juarez Silveira e Marcílio Ávila, de lá para cá não houve mais conseqüências. O juiz federal que determinou as prisões, Zenildo Bodnar, foi transferido para uma unidade da Justiça no interior do Estado e o inquérito continua tramitando internamente.

Ficou uma grande lição. A de que, em definitivo, ninguém pode tudo em Florianópolis. Embora, como se sabe, muitos continuam achando que estão acima das leis, do plano diretor e da Justiça. Desse perigo ainda não nos livramos. Ainda há muito que melhorar na capital catarinense, e não apenas no plano político.