Thursday, May 31, 2007

Show man

O Estado ; Henrique Ungaretti ; 31/5/2007

Por estes dias, devem ser reveladas novas passagens dos grampos telefônicos feitos no vereador Juarez Silveira (sem partido) pela operação Moeda Verde. No que tem sido, aliás, uma farra para a indústria do jornalismo local.

As coisas vão aparecendo aos poquinhos, conforme a conveniência de alguém, com certeza.

No dia 30 de outubro do ano passado, o vereador Juarez Silveira deixa recado para Paulo César Maciel, do shopping Iguatemi : “Avisa para o doutor Paulo que eu já tô mandando o Omega, aquele que o prefeito tava usando, tá?”.

Mais tarde, Juarez fala com o cunhado: “Porque o Dário devolveu o carro do Paulo César, aquele Ômega que eu emprestei. Então, eu mandei lavar, mandei tudo. Por que o Dário nem pra isso ele presta, né? Aí eu vou pegar e vou entregar para o Paulo César o carro que é particular do Paulo Cesar. Paulo Césas mandou dois carros: um... entendesse? Então o Dário,o Dário mandou o carro, entendeu,e tão fechando o comitê!”.

Em campanha política, é normal que empresários colaborem com comitês de candidatos, quase sempre com mais de um ao mesmo tempo (a prática pode deixar de existir com o financiamento público das campanhas).

O que as conversas realmente provam é que Juarez Silveira é histórico. Por mais seriedade que o caso peça.

Vamos e venhamos :o vereador é um pândego histórico. Juntam-se 10 Robertos Jefferson e não se tem um Juarez Silveira.


Trechos de diálogos

A Notícia ; 31/5/2007

Hospital Vita

Juarez telefona para Gilson Junckes (Hospital Vita) e pergunta se pode passar na concessionária Dimas (Ford).
Juarez – Já posso passar lá na Dimas?
Gilson Junckes – A hora que sair a publicação, aí tu pega a autorização comigo e pega lá com ele.
Juarez – Não, mas aí vai demorar, porra!
Gilson – Não, ô Juarez, mas assim ó: tu sabes que já teve problema de percurso aí, as coisas mudaram e eu preferia assim, ó! Eu também tenho pressa dessa publicação porque eu também tô precisando pegar a viabilidade pra poder pegar o alvará, entendesse? E assim ó: não depende só de mim, tu sabe disso, e... eles tão me cobrando lá de São Paulo, direto: como é que tá, como é que tá, eu tô: essa semana sai, essa semana sai e não tá saindo!
Juarez – Não, mas já tá no Diário Oficial, né?
Gilson – Eu sei, mas tem que tá publicado pra poder...
Juarez – Mas o JB já não te deu uma declaração, ontem? (referindo-se ao vereador João Batista Nunes)
Gilson – Mas com essa declaração eu não consigo, não consigo fazer nada!
Juarez – Não, tudo bem. Não, entra com a consulta de viabilidade, tá?
Gilson – Então tá bom! Eu entro com a consulta de viabilidade hoje e tu...
Juarez – Entra e me dá a cópia. Esse assunto é comigo!

Obs: Segundo a PF, “a lei a que se referem é a Lei Complementar Municipal 250/2006, que alterou o zoneamento do bairro Santa Mônica, caracterizando o local de implantação do Hospital como ACI-III – Área Comunitária Institucional, na modalidade Áreas de Saúde, Assistência Social e Culto Religioso”.

Supermercado Bistek

Trata da construção de uma filial da empresa Bistek Supermercado Ltda., de propriedade de João Carlos Ghislandi, Walter Ghislandi e Mário Cesar Ghislandi, na Costeira do Pirajabué.

Juarez – Alô?
João – Ah, bom-dia, rapaz! A respeito da nossa votação, ocorreu?
Juarez – Tudo 10!
João – Tudo 10?
Juarez – Tá? Deu tudo 10 e agora nós vamos botar no Diário Oficial. O prefeito já passa a caneta, e vai para o Diário Oficial! Mas, não tem mais coisa...
João – Mas isso é um processo rápido, né?
Juarez – Não, é rápido, é rápido! Agora não, agora dá pra tocar. Pode começar a tocar, agora vai ter o número do processo já!
João – Ahm, ahm!
Juarez – Amanhã. Hoje à tarde vai pra Prefeitura, o prefeito dá o número, com este número de lei eu já mando pra Susp, tá?
João – Certo!

Revelados detalhes da origem da Operação Moeda Verde

ClicRBS ; 30/5/2007

Il Campanario deu origem às investigações - Hermínio Nunes / Agência RBS

I

Com base nos 28 relatórios sigilosos encaminhados à Justiça Federal (JF) pela delegada Julia Vergara da Silva, o Diário Catarinense, a RBS TV e o clicRBS revelam, a partir de hoje, os principais detalhes do trabalho que deu origem à Operação Moeda Verde, investigação da Polícia Federal (PF) que durou nove meses.

A operação resultou na decretação da prisão, no dia 3 de maio, de 22 pessoas suspeitas de fazer parte de um suposto esquema de corrupção para favorecer empreendimentos imobiliários em Florianópolis.

Os documentos, obtidos com exclusividade, formam um calhamaço de quase mil páginas, entre textos e transcrições de gravações telefônicas captadas do dia 21 de julho a 19 de dezembro de 2006, todas autorizadas pela JF.

Na introdução dos relatórios, quando faz um resumo de toda a investigação, Vergara registra que "o requerimento do Ministério Público Federal (que deu origem às investigações) teve por base os indícios de crime constatados na implantação do empreendimento Il Campanario, em Jurerê Internacional, pelo Grupo Habitasul".

Iniciado o monitoramento telefônico a fim de descobrir eventuais irregularidades no projeto, os agentes foram surpreendidos com inúmeras ramificações proporcionadas por alguns alvos da polícia e seus interlocutores ao telefone. Com isso, o que era para ser investigação pontual, sobre apenas uma obra, transformou-se em uma ampla varredura em inúmeros empreendimentos já concluídos ou em andamento na Ilha de Santa Catarina.

Ao fim de nove meses gravando conversas, seguindo, filmando e fotografando suspeitos, 22 pessoas, entre políticos, empresários e funcionários públicos tiveram prisão decretada pela Justiça.

Na documentação enviada ao juiz Bodnar, a delegada afirma que "a análise do material de áudio coletado evidenciou a existência de uma verdadeira quadrilha dedicada à prática de crimes ambientais e crimes contra a administração pública".

Veja abaixo as acusações da PF.

JOÃO CAVALLAZZI E FELIPE PEREIRA/DIÁRIO CATARINENSE
As acusações da PF

Veja o que diz a delegada Julia Vergara da Silva



Caso Habitasul
"Nos áudios organizados neste caso, encontra-se exteriorizada a intenção do Grupo Habitasul em agir contrariamente às normas ambientais, sempre com vistas à maior obtenção de lucro no loteamento Jurerê Internacional. Fernando Tadeu, um dos diretores do Grupo Habitasul em Porto Alegre, disse expressamente a Hélio Chevarria (representante do grupo em Florianópolis) que a Loja Maçônica a ser construída em Jurerê Internacional deveria ser colocada em APP, ou seja: Área de Preservação Permanente, porque assim não perderiam terreno". Em uma das conversas pinçadas pela PF, Chevarria diz que está "há anos mudando o Plano Diretor" para a escola (Colégio Energia)".
Relatório Habitasul e Juarez Silveira
"Este trecho trata da 'relação' entre a Habitasul, Juarez Silveira, Renato Juceli, ex-secretário de Urbanismo e Serviços Públicos (Susp) e Rubens Bazzo, funcionário da Susp. De acordo com os áudios, a Habitasul, através de Hélio Chevarria, liberou para Juarez Silveira a quantia de R$ 20 mil para supostas obras de reforma da Susp. O valor foi recebido na Habitasul, pelo chefe de gabinete de Juarez, Itanoir Cláudio".

Em outra parte, a delegada Vergara destaca que "em outro áudio, Juarez diz a Péricles Druck (dono da Habitasul) que ninguém mudará o Plano Diretor se não for ele, e que Péricles tem que lhe 'dar a linha' do que quer e que aí Juarez vai 'até o inferno' com aquela postura".
Caso Il Campanario
"Com relação ao empreendimento Il Campanario, foi realizada perícia pela PF concluindo que há área de restinga, de água subterrânea e presença de dunas no local do empreendimento e, ainda, que o curso d'água existente foi aterrado para a implementação do empreendimento. As licenças expedidas pela Fatma para o empreendimento em questão foram assinadas por André Luiz Dadam, flagrado com R$ 8 mil em espécie após sair da Habitasul, sendo que os áudios registrados indicam toda a movimentação da Habitasul com vistas à obtenção do dinheiro que foi entregue a Dadam."

"Com relação à autorização da Floram para o Il Campanario, registre-se que Marcelo Vieira Nascimento, técnico da Floram, em conversa com Juarez Silveira sobre a liberação de colocação de estande em Jurerê Internacional, disse que autorizaria a atividade, mas que teria que dar um 'tempinho' porque, recentemente, havia autorizado outros empreendimentos de interesse da Habitasul, entre eles o Il Campanario, referido por ele como 'o hotel'".
Caso Amoraeville
"Os áudios agrupados neste caso revelam como se dá a relação entre a Habitasul e Rubens Bazzo, que confere tratamento especialíssimo a prepostos da empresa, dispensando-a até mesmo de ter que ir ao Pró-Cidadão protocolar o requerimento pretendido, instituindo uma espécie de Pró-Habitasul, ou seja: setor de atendimento específico e a jato para a Habitasul - tratamento este que se contrapõe àquele prestado à população em geral".
Caso Energia
"Em conversa com servidor do Ipuf, Rubens Bazzo diz que está com o processo da Escola Energia em Jurerê Internacional, mas que só pode deferir se a substituição da 4ª Etapa de Jurerê Internacional estiver aprovada, dizendo que 'eles fizeram a substituição da quarta etapa baseada naquela lei nova, que modificou tudo ali' (possivelmente uma lei criada sob encomenda da Habitasul) e, a seguir, Bazzo diz: 'Eu vou aprovar essa escola aqui e depois que se f... Porque nós já deferimos a substituição aqui' (...)"

"Em conversa com Fábio Filippon, enteado de Percy Haensch e diretor do Grupo Energia, Hélio sugere que sejam colocadas placas no local de obras do Energia: 'Licença de corte número tal, entendeu? Pra ir dando... né? Pra ir dando a legalidade'. A seguir, nesta mesma conversa, Hélio indica a Fábio qual será a estratégia a ser seguida pelo empreendimento, possivelmente com o intuito de burlar a legislação ambiental ou de se esquivar da fiscalização do órgão federal ambiental".
Caso Shopping Santa Mônica - Iguatemi
"Os áudios interceptados revelaram a rede de relacionamentos (e de favores) de que se valeu Paulo Cezar Maciel da Silva, empreendedor do Shopping Iguatemi. Paulo Cezar contou com a colaboração da prefeitura, mas, principalmente, a de Juarez Silveira, que parece ter atuado como um procurador de fato seu, em troca de vantagens financeiras. Juarez Silveira foi, no caso do Shopping Iguatemi, 'uma espécie' de Marcílio Ávila no caso do Shopping Florianópolis, entretanto, com uma vantagem: a de contar com um cunhado seu como secretário municipal. Para tanto, abriu portas nos órgãos pelos quais tramitaram processos para a obtenção das licenças necessárias."

"Em contrapartida, Juarez, seus parentes e seu chefe de gabinete recebem diversas facilidades nas concessionárias de Paulo Cezar: a Santa Fé (GM) e a Florence (Peugeot). Juarez chega até a retirar valores em espécie com o funcionário da Santa Fé chamado Fachini. Juarez refere-se a ter recebido um Peugeot 307, que não pretende devolver. De acordo com consulta ao sistema do Detran, tal veículo foi, recentemente, transferido de Juarez para a sua irmã".
Caso Hospital Vita
"Os áudios revelam intensa movimentação na Câmara de Vereadores da Capital com vistas a possibilitar o empreendimento, sendo cogitado até 'anular assinatura do vice'. Após ser concretizada alteração legislativa viabilizando o empreendimento, Juarez Silveira entra em contato com um dos empreendedores, Gilson Junckes, indagando se já pode passar no Dimas (revenda de carros)."

"Posteriormente, Juarez recebe o sinal verde para retirar veículo (s) no setor de usados do Dimas num crédito de R$ 50 mil. Juarez escolhe um Ford Ecosport, o qual é, posteriormente, deixado para venda na Santa Fé (de Paulo Cezar), mais especificamente sob os cuidados de Fachini, empregado da concessionária. Juarez encaminha Junckes à Susp, recomendando a Renato Juceli, secretário e seu cunhado: 'Então tu dá um atendimento vip aí, daqueles! Só tu e ele, tá bom? Falou, tchau! Abre a guarda, que não tem problema. Colhe frutos depois!'"
Caso Bistek
"A tramitação dos processos para a aprovação da instalação do supermercado Bistek, em Florianópolis, no Bairro Costeira do Pirajubaé, contou com os 'serviços' de Juarez, que determinou a Renato Juceli de Souza: 'Então, tu trata ele bem aí, esse caso, tu trata bem!' e que fosse tudo tratado na sala de Renato. Os áudios indicam ter havido votação de projeto de lei de interesse do Grupo Bistek - possivelmente versando sobre alteração do Plano Diretor."

"Juarez informa que 'foi tudo 10!' e que é para o dono do grupo ir falar com ele. Em contato com prepostos do Grupo Bistek, Renato informa que 'avançamos com aquilo, daquela forma, aquele dia, tu lembras? Que falamos?' E, em seguida, diz: 'Tá! Tu não tem nada aí? Vou passar o final de semana duro, eu?'"
CD guarda áudio e texto de cada relatório


Diário Catarinense ; 31/5/2007

Os 28 relatórios encaminhados pela Polícia Federal ao juiz Zenildo Bodnar estão em um CD que contém arquivos em texto e áudio. Cada caso que está sendo investigado pela equipe da delegada Julia Vergara da Silva é descrito minuciosamente e vem acompanhado das gravações feitas com autorização judicial. A íntegra das conversas consta em outros nove CDs.

Quem tem acesso aos relatórios percebe por que o vereador Juarez Silveira é apontado pela polícia como chefe do suposto esquema de compra e venda de licenças ambientais. Ex-líder do governo Dário Berger na Câmara de Vereadores da Capital, Juarez aparece em quase todas as investigações, sempre aparentemente intermediando favor ou ajuda.

Nos relatórios do Shopping Iguatemi, do Hospital Vita e do Supermercado Bistek estão as conversas que, para a PF, são as mais comprometedoras. Nessas e em outras interceptações, Juarez faz lobby para empresários, solicita carros emprestados, negocia veículos e publicação de lei, fala em dinheiro e até intermedia automóveis de luxo para, segundo o próprio Juarez, uso do prefeito na campanha eleitoral.

Entre o material há duas filmagens e fotos. Nas gravações em vídeo, os alvos são André Luiz Dadam, funcionário comissionado da Fatma, e, novamente, o vereador Juarez Silveira. André Dadam é flagrado saindo com R$ 8 mil, em dinheiro, da sede do Grupo Habitasul, em Jurerê Internacional, antes do pleito de outubro de 2006. Já o vereador aparece saindo de uma caminhonete Grand Cherokee, preta, em um posto de combustíveis no Centro da cidade.

Gravadas à distância, as imagens mostram Juarez indo ao encontro de um homem em um veículo pequeno, onde pega um pacote de papel pardo. Em seguida, retorna ao veículo e segue à sede da Codesc, onde trabalha como diretor. A polícia filmou tudo e não fez menção sobre o conteúdo do pacote. Naquele dia, preferiu não abordar o vereador para evitar qualquer suspeita que comprometesse a Operação Moeda Verde. No relatório sigiloso encaminhado ao juiz, a PF registra que "os áudios das gravações revelam um triste quadro de como tem sido tratada a questão ambiental em Florianópolis, e mesmo pelo órgão ambiental".

Wednesday, May 30, 2007

O retrato 30 x 40 de um político 3 x 4
Câmara avalia o futuro de vereadores


Diário Catarinense ; 30/5/2007

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara de Capital volta a reunir-se amanhã, às 14h, para discutir o futuro político dos vereadores Juarez Silveira (sem partido) e Marcílio Ávila (PMDB), acusados pela Operação Moeda Verde.

A Polícia Federal investiga o envolvimento dos políticos em um suposto esquema de compra e venda de licenças ambientais em favor de grandes empreendimentos em Florianópolis. Durante a reunião do conselho, os vereadores vão se debruçar sobre os argumentos das defesas dos acusados.

Juarez Silveira entregou a papelada na segunda-feira. Sobre as gravações, o vereador afirma que nelas não se "vislumbra a prática de qualquer delito ou de atos contrários à ética e ao decoro parlamentar".

O presidente do Conselho de Ética, Aurélio Valente (PP), informou que a defesa de Juarez foi distribuída aos cinco integrantes do grupo. Cada um vai analisar em separado os argumentos para o debate no conselho. A convocação de Juarez e Marcílio estará na pauta da reunião. Mas não é prioridade.

- Nós tivemos ainda que pedir mais informações para a Polícia Federal. O que eles nos enviaram no início era muito pouco - disse.

O prazo para entregar as defesas termina hoje. Marcílio Ávila ainda não encaminhou a documentação.

Expectativa
Diário Catarinense ; Cacau Menezes ; 30/5/2007

O advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho confirma para esta quarta-feira o julgamento do mérito do habeas-corpus que permitiu a soltura de Juarez Silveira e outros três envolvidos na Operação Moeda Verde. A decisão será tomada pela Justiça Federal em Porto Alegre. Se a liminar for cassada, os quatro podem voltar para a cadeia.

A propósito, Juarez Silveira foi visto escolhendo carro novo, sábado, na Top Car, revendedora BMW na cidade, dias depois de ter comprado um novo telefone celular no Beiramar Shopping.

Tuesday, May 29, 2007

CONFRARIA MANÉ

Coluna Cesar Valente ; 29/5/2007

Se a turma de Joinville se protege e apoia, se a turma de Criciúma também age corporativamente, por que a turma de Florianópolis deveria ser diferente?

Não surpreendem os gestos de amizade, de lealdade e até mesmo de carinho que a gente percebe na relação do Içuriti, presidente da Codesc, com seus amigos, entre os quais o Juarez.

Quem é manezinho da Ilha compreende bem. Afinal, essa forma quase familiar, essas ligações tão próximas. vêm de um tempo, que não está muito longe, quando Florianópolis era uma pequena cidade, em que todos se conheciam. Talvez o morador da Ponta do Leal não conhecesse “todo mundo” da Praia de Fora, mas num grande raio eram todos conhecidos, amigos, quando não meio parentes, compadres.

Claro que incomoda o fato de um diretor de estatal pedir ao diretor administrativo (Otto Entres, outro manezinho, recebeu o troféu no mesmo ano que eu) que arranje uma brecha para que o amigo não se estrepe ainda mais.

Mas pelo menos não fez como tantos, que ao primeiro sinal de perigo lava as mãos, desliga o celular e deixar o ex-melhor amigo fritar em fogo brando. Seja pela imprensa, seja pelas forças intestinas que sempre combatem dentro de qualquer esquema de poder.

Até poderia me orgulhar dos meus conterrâneos, se essas demonstrações de saudável provincianismo não viessem seguidas de tantos indícios de crimes. Até pra se safar da prisão, o Juju usou um velho artifício ilhéu: o atestado do Dr. JJ Barreto. Com a modernidade, o velho médico bonachão foi substituído por uma clínica onde diretores fazem às vezes de amigos dos amigos. Mas o efeito é o mesmo.

É O SEGUINTE, JUJU

O Juarez se sente tão protegido na Codesc, que nem parou para pensar antes de sair dizendo que deixaria a política e ficaria “apenas na Codesc”. Em respeito à nossa adolescência vivida na mesma vizinhança, freqüentando o cine Glória, o bar Margarete, o Seis e tantas outras boquinhas do Estreito e adjacências, peço licença aos demais leitores para dizer algumas palavras apenas para o Juarez Silveira.

É o seguinte: foram teus eleitores que te colocaram na Câmara, Juarez. Eles. Não foram os teus amigos empresários, nem teus amigos ricos (por mais tenham ajudado na campanha e por mais que joguem isso na tua cara sempre que se sentem contrariados). Foram os eleitores. Tens um mandato.

Num momento difícil, o político deveria se recolher, abraçar-se com a única fonte de seu poder, que é o eleitor. E tentar reconciliar-se com aqueles que, um dia, fizeram este gesto corajoso e generoso, de votar. Até o Severino, que não chega a teus pés em termos de rapidez de raciocínio, sabe disso.

Isto, Juarez, não tem preço.

Se pensares bem, verás que a fonte dos teus dissabores não está na política propriamente dita. O desgosto não nasce em servir ao público e ao bem público fiscalizando e legislando. Nem o relacionamento com aquela massa de eleitores que te reelege já há quanto tempo causa problemas.

Por isso, Juarez, se queres mesmo mudar de vida, foge da Codesc. E experimenta ouvir mais os teus eleitores.

Saturday, May 26, 2007

Coluna Cesar Valente ; 26/5/2007

ESCUTA SÓ!
“Tou preso por causa
daquelas porras
dos vinhos do Içuriti*!”


Para sua leitura de final de semana, publico aqui a transcrição de alguns trechos das escutas feitas pela Polícia Federal com autorização judicial e distribuídas sem autorização judicial. A seleção foi feita entre as escutas gravadas de 8 a 21 de novembro de 2006. Nesse período, o vereador Juarez Silveira, na época líder do governo e diretor da Codesc, foi preso preso por contrabando, ao chegar do Uruguai com uma camionete cheia de bebidas importadas. E escolhi uma questão principal: como é que o funcionário da Codesc, Juarez Silveira, vai justificar que não só não estava trabalhando naqueles dias, como também se ausentou do país sem autorização oficial? Os outros trechinhos são só para contextualizar e dar o clima da coisa.

* O Içuriti é o Içuriti Pereira: presidente da Codesc e tesoureiro do PMDB-SC

A ATA FAJUTA
Dia 10/11/2006, às 11:44, Otto Entres Filho, Diretor Administrativo da Codesc, liga para Cláudio (chefe de gabinete do Juarez) perguntando se ele está em contato com o vereador, que está “preso” na clínica SOS Cárdio.

Otto Entres Filho: É o seguinte, tem que dizer pro Juarez, que ele pediu uma licença agora lá na Codesc por causa do período eleitoral, pra não complicar mais a vida dele, entendesse? Porque a princípio ele teria que estar trabalhando, entendesse?

Cláudio: Fazer como, de qual maneira?

Otto: Nós fazemos uma ata, lá, que ele pediu licença de 30 dias pro período eleitoral, entendesse? do dia 16 de outubro a 14 de novembro. Aí se perguntarem ele diz, não, não, eu pedi licença por causa da eleição, pedi licença do dia 16 de outubro ao dia 14 de novembro na Codesc.

Cláudio: Tá.

Otto: Entendesse? porque não pode tirar férias porque não tem um ano na companhia ainda, entendesse? Então eu falei isso com o Içuriti, que tinha me telefonado, a maneira que eu vi é essa, porque não tem outra, entendesse?

Cláudio:

Otto: Então, se ele for perguntado pelo serviço dele, pra não complicar a vida dele, ele diz que tirou uma licença na Codesc de 16 de outubro a 14 de novembro.

Cláudio: eu vou dar um jeito de pedir pra ele ligar pro senhor.

Otto: Tá bom, querido, obrigado... Cláudio, na hora que tu falar, que tu ligar pra ele, o telefone dele deve estar grampeado. Tá, querido?

Cláudio: Já entendi. Pode deixar comigo.
Às 21:11, Juarez recebe a notícia, por meio de seu advogado Achilles, de que a fiança fora fixada em R$ 14 mil. Achilles alerta Juarez de que deve ser paga em dinheiro. Juarez diz que vai tentar arrumar.

Às 21:17, Juarez liga para Paulo Cesar Maciel da Silva (um dos donos do Shopping Iguatemi, que meses depois também seria detido na operação Moeda Verde).
Juarez: tudo bem? eu tô preso, tá? por causa daquelas porras dos vinhos do Içuriti ali, tá?

Paulo Cesar: Puta merda!

Juarez: é o seguinte, o juiz determinou agora, pelo Dr, Achilles e ele liberou e agora preciso arrumar 14 mil reais vivos pra me tirar da prisão... da prisão, não, do SOS Cárdio, que eu tou. E pra mim sair eu tenho que levar em dinheiro vivo, da fiança. Tu não tens aí vivo pra emprestar pro Içuriti, ou o Renato pra emprestar?

Paulo Cesar: vamos ter que correr atrás.

Juarez: dá uma olhadinha pra mim, porra? eu preciso em meia hora, senão eu vou ficar aqui, cara.

Paulo Cesar: eu corro atrás.

Juarez: pelo amor de Deus, me ajuda com isso.

Paulo Cesar: te ligo de volta em 20 minutos.
A coisa vai longe, mas se vocês ficaram preocupados, eu conto o final: o Juarez conseguiu o dinheiro da fiança e talvez até com sobras, porque ele recebeu envelopes de dinheiro não só do bondoso Paulo Cesar Santa-Fé/Iguatemi, como também do Luiz Henrique Dias Figueiredo (sócio majoritário da Assessoria para Projetos Especiais Ltda., que tem entre seus principais clientes o Departamento Estadual de Infra-estrutura de Santa Catarina, Deinfra, e a Prefeitura Municipal de Florianópolis).

Thursday, May 24, 2007

ESSE JUAREZ...

Coluna Cesar Valente ; 24/5/2007

O Juarez Silveira, vereador que está com a vida bem enrolada por causa de umas moedinhas verdes que encontraram no bolso dele, foi chamado para depor no inquérito sobre aquelas caixas de bebida que trouxe “informalmente” do Uruguai. Agora, o que deu na cabeça de um sujeito, que estava com a vida arrumada, de ficar servindo de mula, trazendo bebida pros amigos?

Wednesday, May 23, 2007

Juíza vai ouvir Juarez Silveira por contrabando

Diário Catarinense ; Felipe Pereira ; 23/5/2007



Na categoria de réu, o vereador Juarez Silveira foi intimado a depor na Vara Federal Criminal de Florianópolis pela compra de164 garrafas de bebidas em Rivera, no Uruguai, sem o pagamento de impostos. Ele será ouvido em 10 de julho pela juíza Ana Cristina Kramer sobre o processo que responderá por crime de descaminho. Se for condenado, pode pegar até quatro anos de prisão.

Juarez viajava com dois sobrinhos, mas Ana Cristina preferiu não abrir processo contra eles por causa do princípio da insignificância. Esse dispositivo jurídico determina que, em crimes com prejuízo inferior a R$ 2,5 mil, os acusados não respondem ação.

A juíza aceitou a denúncia contra Juarez por entender que ele recebeu da sociedade o cargo de vereador, que concede poderes para elaborar leis, por isso deve ter uma conduta exemplar. Ana Cristina também levou em conta o fato de o acusado já responder processo por crime tributário. No entanto, a magistrada não se manifestou sobre as acusações do Ministério Público Federal, apenas informou que elas cumprem os requisitos para abrir uma ação penal.

Depois que o vereador prestar depoimento, a Justiça ouvirá testemunhas de defesa e acusação.

Juarez foi preso pela Polícia Rodoviária Federal em Palhoça, no dia 9 de novembro. Na caminhonete em que viajava, foram encontradas caixas de uísque, de vinho do Porto, de champanhe e de energético.

O advogado do vereador, Rodrigo Silva, disse que pedirá habeas-corpus para o cliente e o trancamento da ação penal. Ele defendeu que a Justiça aplique o princípio da insignificância também a Juarez.

Atestado
Diário Catarinense ; Roberto Azevedo ; 23/5/2007

Finalmente, ontem, o vereador Juarez Silveira (sem partido) entregou um atestado médico, assinado por um cardiologista do SUS, à Câmara da Capital. O documento justifica a ausência de 21 de maio a 5 de junho.

Portanto, como ficam os demais dias? Afinal, o pedido de afastamento, tão alardeado, ainda não foi protocolado no Legislativo de Florianópolis. Ontem, a Justiça Federal intimou Juarez pela ação que responde por descaminho. Ele foi detido, no ano passado, com bebidas contrabandeadas do Uruguai.

Tuesday, May 22, 2007

Gostou da idéia
Diário Catarinense ; Cacau Menezes ; 22/5/2007

Vereador Juarez Silveira desta vez vai acatar minha sugestão: depois de conversar muito tempo, em casa, com a mulher e seus amigos de fé, Juju está seriamente decidido a abandonar a vida pública. Não se deu bem com política, onde queimou o seu filme. Ficaria apenas na Codesc, já que precisa de um emprego para viver. E com os amigos de sempre.

Saturday, May 19, 2007

Juarez
Diário Catarinense ; 19/5/2007

Apesar de ter declarado a disposição de licenciar-se da Câmara de Vereadores de Florianópolis, Juarez Silveira (sem partido), envolvido na Operação Moeda Verde, da PF, ainda não encaminhou o pedido oficial ao protocolo ou ao gabinete do presidente, Ptolomeu Bittencourt (DEM).

A atitude tem dupla implicação: prejudica o trabalho do Legislativo - ficaram 15 em plenário - e impede a posse do suplente, Aloísio Acácio Piazza (PMDB). Resta saber como Juarez está justificando a ausência, passível de punição.

Friday, May 18, 2007

Desabafo



Coluna Paulo Alceu ; 18/5/2007

“Não vou disputar mais um mandato. Acho que vou deixar a política. Pedi licença na Câmara. Nem sei se volto. Gostaria de permanecer na diretoria da Codesc. Vou conversar com o governador. Recebi convites para a iniciativa privada,” destacou o vereador Juarez Silveira dizendo que vai aguardar o processo, lembrando que não há acusações até o momento...

Thursday, May 17, 2007

"Defesa de quê? Vou cuidar da minha saúde"

Entrevista: Juarez Silveira, vereador licenciado, suspeito de envolvimento na venda de licenças ambientais

Diário Catarinense ; 17/5/2007

Várias vezes grampeado pela Polícia Federal em conversas que davam indícios da existência de um esquema de venda de licenças ambientais, o vereador licenciado Juarez Silveira, libertado na terça-feira da prisão preventiva, passa a ser alvo, agora, de investigação em duas comissões da casa onde legislava.
Diário Catarinense - Qual foi o assunto dessa reunião que o senhor teve com a presidência da Câmara?
Juarez Silveira - Eu vim aqui fazer um relato para eles, pedindo, inclusive, o meu afastamento. Vou pegar uma licença para fazer o meu tratamento médico. É só isso o que eu vou fazer agora: tratamento médico e seguir com a minha vida.
DC - Antes de tratar da sua defesa, o senhor vai cuidar da saúde. É isso? Juarez - Acho mais importante saúde e família, né? É disso que eu vou cuidar primeiro. DC - O que o senhor tem a dizer aos seus eleitores diante destas denúncias?
Juarez - Primeiro eu vou aguardar o relatório total das apurações. Os meus eleitores me conhecem, entendeu? Sabem como é o meu comportamento, o meu trabalho, às vezes emocional, mas sempre com muito carinho, muito respeito e muita gratidão.
DC - Como vai ser sua defesa? Juarez - Minha defesa de quê?
DC - Desse processo da Polícia Federal. Juarez - Eu não conheço nenhum processo. DC - Mas a polícia afirma que existia um esquema de vendas de licenças ambientais...
Juarez - Eu te falo o seguinte: vai até a diretoria legislativa e você vê o que eu aprovei de projetos nos últimos anos.
DC - O senhor não acha que este é o momento de se defender? Juarez - Eu não tenho o que falar. Você tem o direito de ir ao Legislativo e ver a porção de projetos que eu aprovei. É só isso. Eu cuidei, nestes últimos dois anos, só do governo Dário Berger (PSDB).
DC - E quando a polícia fala que existia um esquema para beneficiar empreendimentos e que o senhor usaria de tráfico de influência para aprovar estes projetos?
Juarez - Eu desconheço isso. Não vou falar nada agora.
DC - É uma tática de defesa do senhor?
Juarez - Não é tática de nada. Primeiro a saúde e família. Segundo, eu não conheço nada do processo.

Tuesday, May 15, 2007

Livres

Coluna Paulo Alceu ; 16/5/2007

Segundo o advogado Rodrigo Silva, que representa o vereador Juarez Silveira, a probabilidade é que todos respondam o processo em liberdade. Não voltam à carceragem salvo fatos novos, como foi destacado pelo desembargador do TRF da 4ª Região. “Acho que este processo vai ser longo. A bem da verdade não tem nem processo ainda.”

Fato

Dificilmente a Comissão de Ética da Câmara de Florianópolis vai se antecipar à Justiça. Certamente ouvirá os vereadores Juarez Silveira e Marcílio Ávila e aguardará a sentença judicial para manifestar-se sobre cassação. É só esperar para ver.

Monday, May 14, 2007

Hora para repensar
Diário Catarinense ; Cacau Menezes ; 14/5/2007

Quem conhece o vereador Juarez Silveira, preso na Polícia Federal, sabe que, no fundo, ele é um bom sujeito. Manezinho, de origem humilde, como descreveu, ontem, o repórter João Cavallazzi aqui no DC, Juarez tem esse defeito, grave, de ser bocudo. Fala muito. Principalmente ao celular. Tinha preocupação de mostrar poder, força. Queria ser o prefeito. Sempre achou que podia tudo na administração pública de Florianópolis. Se oferecia para resolver os problemas de todos. Alguns fazia sem interesse, outros, mostra agora a polícia, nem tanto. Conheço o Juju há muitos anos, desde guri. Já tentei mudá-lo, mas não foi possível.

Quem sabe agora, com esse novo escândalo, ele abandona a vida pública e volta às origens. Juju não se deu bem com a política. Não teve o necessário equilíbrio. Está perdendo amigos e, agora, a liberdade. É hora de tirar o seu time de campo. Cair na real. Voltar a viver como antes.

Saturday, May 12, 2007

Político de influência em Florianópolis


Diário Catarinense ; 13/5/2007

Desde a primeira eleição para a Câmara de Vereadores, em 1988, Juarez Silveira vem construindo uma carreira que o coloca, atualmente, entre os políticos mais influentes da cidade.

Levado à vida pública pelo amigo Paulo Bornhausen (DEM), atual deputado federal, assumiu a condição de líder do governo Dário Berger (PSDB) depois de uma relação tempestuosa com a prefeita Angela Amin (PP), sua ex-correligionária.

Homem forte do governo Berger, Juarez conseguiu emplacar o cunhado Renato Juceli de Souza na estratégica Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos (Susp), além de indicar correligionários para vários outros órgãos municipais.

Amigo de longa data do prefeito, Juarez inúmeras vezes fez duras críticas à administração do tucano, mas nunca foi repreendido à altura. Na Câmara não era diferente. Explosivo, atacava colegas quando contrariado. Mas não demorava para se arrepender dos excessos e procurar o ofendido para pedir desculpas - que geralmente eram aceitas.

É praticamente uma unanimidade entre os colegas, exercendo influência em vereadores da maioria dos partidos.

Apaixonado por carro, não se importava em andar pela cidade a bordo de um Mercedes-Benz conversível, ano 2007, avaliado em torno de R$ 300 mil, ou de caminhonete Grand Cherokee, apesar do apelo dos amigos para que fosse mais "discreto".

Ostentava patrimônio incompatível com a sua renda de vereador e funcionário da Companhia de Desenvolvimento de Santa Catarina (Codesc), para onde foi levado pela mão do amigo Içuriti Pereira, presidente do órgão estadual.

O DC tentou conversar com Bornhausen, com Içuriti e com o prefeito Dário Berger. O deputado não atendeu às ligações nem retornou o recado deixado com sua assessoria. Já o presidente da Codesc foi contatado por telefone, três vezes, na sexta-feira. Em todas disse estar em reunião e que não poderia falar. Pediu para o repórter ligar mais tarde, mas a partir das 19h o telefone celular estava desligado.

O prefeito Dário Berger, segundo seu secretário de Comunicação, Ariel Bottaro, não falaria do assunto na sexta-feira.

O vereador falastrão

Diário Catarinense ; João Cavallazzi ; 13/5/2007



Vereador pelo quinto mandato consecutivo e apontado pela Polícia Federal (PF) como líder de um suposto esquema de venda de licenças ambientais para grandes empreendimentos em Florianópolis, Juarez Silveira é filho de uma família humilde que, durante décadas, morou no Morro do Geraldo, comunidade localizada na periferia da região continental da Capital.

Ali, entre partidas de futebol no campinho próximo ao Exército e festas no Clube Cinco de Novembro, Juarez começou a formar, graças a sua personalidade expansiva, um círculo de amizades que incluía pobres e ricos, sem distinção.

Único homem entre quatro irmãos, Juarez trabalhou como lavador de carros e vendedor. Mas não demorou para conseguir um emprego melhor, graças à influência do pai, falecido há dois anos, que era motorista da Assembléia Legislativa e muito bem relacionado na cidade.

Juarez teve seu primeiro emprego de carteira assinada no Banco do Estado de Santa Catarina (Besc), para onde foi levado pelo pai do amigo e colega de Câmara Guilherme da Silva Grillo (PP). Há dois anos, entrou no Plano de Demissão Incentivada (PDI), depois de quase 30 anos de serviço público.

- O Juarez tem um coração maravilhoso. É uma pessoa muito ligada à família, que faz tudo pelos sobrinhos e sempre muito leal aos amigos - define Grillo, que, em 2004, foi detido depois de ser acusado de ter instalado um "grampo" no apartamento de Juarez - o episódio, diz Grillo, está "superado", tanto no "campo pessoal quanto jurídico".

Outra característica, apontada por quase todas as pessoas que convivem com Juarez, é a incontrolável incontinência verbal. O advogado Antônio Chraim, procurador da Câmara da Capital e um dos garotos que jogavam futebol nas várzeas do Estreito com Juarez, conta, em tom de brincadeira, que "naquele tempo, ele já era uma gralha".

E foi o hábito de falar demais que o levou a ser detido pela primeira vez. O fato aconteceu em novembro passado, quando, sem saber que já era monitorado pela PF no âmbito da Operação Moeda Verde, foi ao Uruguai comprar roupas e bebidas acima da cota (leia a transcrição).

Tática da internação, desta vez, não colou

Da central de escutas da PF, os agentes ficaram sabendo pelo próprio Juarez seu itinerário - inclusive com hora. Aí foi só avisar os colegas da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que realizaram a prisão no posto de fiscalização de Palhoça.

Simulando um mal-estar, Juarez foi levado para uma clínica na Avenida Trompowsky, um dos endereços mais caros de Florianópolis, próximo à Beira-Mar Norte, onde o ex-menino pobre do Estreito possui um apartamento.

Internado, novamente foi traído pela língua. Em conversas monitoradas, se gabava da "tática" que o livrou da carceragem. Resultado: quando decretou a prisão dos 22 suspeitos de negociar licenças ambientais, o juiz Zenildo Bodnar deixou expresso no despacho que, caso Juarez passasse mal, deveria ser atendido apenas por um médico da PF.

Não deu outra. Preso em casa na manhã do dia 3, passou mal e tentou voltar para a mesma clínica (cujo dono também foi detido), mas foi proibido. A Justiça ofereceu dois hospitais públicos para a internação, mas Juju, como é conhecido pelos mais íntimos, preferiu a carceragem da PF, onde permanecia até a noite de sexta-feira em uma cela.

Diálogos comprometedores
Diálogos gravado pela PF com autorização judicial (*)
Dia 8 de novembro de 2006, às 21h04min. Juarez Silveira está retornando da cidade de Rivera, no Uruguai, onde comprou roupas e bebidas acima da cota permitida para importação, o que caracteriza crime de contrabando. Ele liga para um amigo - funcionário comissionado do governo do Estado - assim que chega à capital gaúcha, última escala da viagem antes do vereador chegar a Florianópolis:
Juarez - Já estou em Porto Alegre, viu?
Amigo - Ô bicho bão. Passasse lá (na aduana) com tudo?
Juarez - Passei com tudo! A caminhonete veio que veio o bicho! Tem umas 15 caixas (de bebidas).
Amigo - Tu chegas amanhã que horas?
Juarez - Agora estou em Porto Alegre, guardei o carro no hotel para ninguém me roubar, né. Vou sair daqui perto do meio-dia, eu chego aí (em Florianópolis) no finalzinho de tarde. (...)
Juarez - Agora já montei um esquema. Tem um rapaz que trabalha no hotel que vem toda a semana pra aí (Capital). O rapaz compra lá em Rivera e a gente acerta quando ele chega. Ele entrega tudo aí no Kobrasol, mas passei com tudo lá (na fronteira).
No dia seguinte, às 18h58min, logo depois de ser preso pela Polícia Rodoviária Federal em Palhoça, na Grande Florianópolis, Juarez liga para um médico.
Juarez - Eu tô precisando de um médico. Eu tenho de ir ao SOS Cardio, eu vim de Rivera agora e trouxe muito uísque, muito vinho de coleção.
Médico - Como é que é?
Juarez - Eu trouxe muito vinho de coleção.
Médico - Vinho de coleção?
Juarez - Vinho, vinho, vinho!
Médico - Quem que tomou?
Juarez - Não, eu trouxe vinho de coleção e a polícia me prendeu aqui em Palhoça e tá me levando pra Polícia Federal. Só que a minha pressão subiu. Eu tô precisando que alguém me atenda lá e me deixa lá, porque se não eles podem me dar ordem de prisão!
Médico - Ah, entendi!
Às 15h38min do dia 10, já "detido" na clínica, Juarez faz outro telefonema, desta vez para um alto funcionário da prefeitura, e brinca:

- Eu dei uma de doido, né, doutor! Minha pressão tá alta, minha pressão tá alta, tô com arritmia, e... pra não ir preso, né? Por que os meus dois sobrinhos, eles não iam prender, mas eu eles iam prender. Pra eles era um prato cheio. Aí o que é que eu fiz: eu vim pro SOS Cardio, cheguei aqui, peguei uma suíte dessas da UTI e tô deitado aqui, né?
Às 21h28min, Juarez volta a telefonar para o médico dizendo que o juiz já arbitrou a fiança (R$ 14 mil em dinheiro) e que já poderia ser liberado. O vereador insiste que quer deixar a clínica "ali pela uma hora da manhã", com o objetivo de despistar a imprensa, mas o médico, que precisa assinar a alta, se mostra relutante:
Médico - Pra eu te liberar agora, medicamente é complicado! Sabe, Juarez? Porque... eu tive vendo junto ao CRM (Conselho Regional de Medicina). Porque eu vou ser questionado por que eu não te liberei às 9h, 10h e tô te liberando esse horário. Aí eu vou ter de explicar isso perante a Justiça!
Juarez argumenta, então, que "amanhã cedo 'a rádio CBN Diário' estará lá, ao que o médico reafirma:
Médico - É, mas eu tenho de te liberar amanhã. Eu não tenho como te liberar hoje!
Juarez pergunta ao médico se não é possível ele ser liberado pelas 4h da manhã.
O médico diz que só "amanhã cedo" e que não pode ser agora, se não seria um "problema ético complicado" para ele, mas que pode ser às 7h.
(*) As palavras entre parênteses foram incluídas pela reportagem para melhor compreensão da conversa.
Fonte: Autos da Operação Moeda Verde.
Saída
Diário Catarinense ; 12/5/2007

O vereador Juarez Silveira (sem partido), que cumpre prisão preventiva na carceragem da Polícia Federal, por conta da Operação Moeda Verde, pediu licença do cargo na Câmara, ontem à tarde.

O suplente que assume é o vereador e ex-prefeito de Florianópolis Aloísio Acácio Piazza (PMDB).

Thursday, May 10, 2007

Desligado

Coluna Paulo Alceu ; 10/5/2007

Coube ao Conselho da Codesc determinar o afastamento do vereador Juarez Silveira, que ocupava a direção de Planejamento. O presidente Içuriti Pereira reafirmou que o cargo ficará em aberto, por determinação do governador, até que saia a sentença final.

Tuesday, May 08, 2007

Capa do jornal "Notícias do Dia" ; 8/5/2007

Monday, May 07, 2007

Saturday, May 05, 2007

Friday, May 04, 2007